terça-feira, 10 de novembro de 2020

O que é o reforço positivo e como usá-lo?

O que faz certos comportamentos se repetirem? Como aumentamos a sua frequência? O reforço positivo tem a ver com tudo isso; um procedimento usado especialmente na educação e na terapia comportamental que busca realçar os comportamentos desejados.

O que mais sabemos sobre o reforço positivo? Como ele é utilizado? Quais tipos de reforços existem? Como eles são diferentes da punição? Se você quiser saber a resposta para essas e outras perguntas, assim como descobrir possíveis reforços para aplicar no seu dia a dia, continue lendo!

O que é o reforço positivo e como podemos usá-lo?

O reforço positivo é um recurso amplamente utilizado na terapia comportamental e na educação. Este tipo de reforço inclui todos aqueles elementos que aumentam a probabilidade do aparecimento de alguma resposta; ou seja, todas aquelas coisas que nos ajudariam a consolidar um comportamento e fazê-lo aparecer com mais frequência (geralmente são comportamentos adequados e positivos, como se comportar bem à mesa).

Uma figura-chave nessa área é BF Skinner, um psicólogo americano famoso pela sua teoria behaviorista; ele sugeriu que o reforço positivo é o que permite reforçar certos padrões de comportamento. Segundo ele, o reforço positivo é tudo o que nos ajuda a repetir um comportamento desejado.

Skinner se destacou por descrever, de forma sistemática, as características desse tipo de aprendizagem, além de aplicá-la em diversos campos (principalmente na educação).

O reforço positivo também é uma técnica que faz parte do condicionamento operante, um sistema de aprendizagem baseado na aplicação de reforços e punições para aumentar ou diminuir a probabilidade de aparecimento de determinados comportamentos. Através desse tipo de procedimento, a pessoa cria uma associação entre o seu comportamento e as suas consequências.

Mãe conversando com seu filho

Exemplos de reforço positivo

O que pode servir como um reforço positivo? Praticamente tudo. Podem ser elogios (reforço verbal), objetos, gestos, presentes, prêmios, palavras, comida…

Dependendo da natureza e das características do reforço positivo, ele pertence a um ou outro grupo. Ou seja, existem vários tipos de reforço positivo. Ao longo do artigo, saberemos quais são esses tipos.

Como usar o reforço positivo

Há uma série de premissas que tornarão o reforço positivo mais eficaz, e elas têm a ver com a forma como usamos este procedimento e como escolhemos o tipo de reforço:

  • Imediato: idealmente, o reforço positivo é aplicado imediatamente após o aparecimento do comportamento desejado (ou seja, aquele que queremos aumentar).
  • Consecutivo: o reforço positivo deve aparecer logo após o comportamento desejado, não antes ou durante.
  • Contingente: devemos sempre aplicar o reforço positivo quando o comportamento que queremos aumentar aparecer.
  • Periódico: este procedimento deve ser estendido no tempo para que o comportamento desejado se consolide.
  • Escolha de reforços: devemos escolher reforços que sejam novos, diversos e que motivem a pessoa.

Por outro lado, ao usar o reforço positivo, devemos também levar em consideração o seguinte para que ele seja eficaz: devemos especificar precisamente o comportamento que pretendemos aumentar. Além disso, controlaremos as contingências (ou outros reforços) que podem estar competindo com os nossos.

Por fim, evitaremos que a pessoa fique “saciada” com o reforço (ou seja, evitando que ela se entedie com ele), e para isso devemos controlar a situação para que a duração do reforço não seja excessiva, estimando seu tempo ideal.

“A educação é o que sobrevive quando o que se aprende é esquecido.”
-Burrhus Frederic Skinner-

Reforço e punição

Para entender mais claramente o que é o reforço positivo, também definiremos em que consistem o reforço e a punição, procedimentos antagônicos.

O reforço, como dissemos, é qualquer estímulo que aumente a probabilidade de surgimento de um comportamento; isso pode ser positivo (quando o aparecimento de algum elemento aumenta o comportamento) ou negativo (quando a retirada de algum elemento também aumenta o comportamento).

Um exemplo de reforço positivo seria elogiar uma criança cada vez que ela toma o café da manhã. Por outro lado, um reforço negativo seria retirar as tarefas das quais ela não gosta sempre que terminar o dever de casa. Ambos os comportamentos (elogiar e retirar tarefas), se repetidos ao longo do tempo após os comportamentos que queremos promover, aumentariam a probabilidade do aparecimento dos comportamentos desejados (neste caso, a criança tomar todo o café da manhã e terminar todos os deveres de casa).

Enquanto isso, a punição é o oposto do reforço; seria qualquer coisa que reduzisse a probabilidade de surgimento daqueles comportamentos que queremos eliminar. Se a punição for positiva, falamos sobre o aparecimento de certos elementos (por exemplo, colocar uma criança na frente da parede, dar uma bronca ou sermão, etc.). Por outro lado, na punição negativa, algo que a criança deseja é retirado (por exemplo, tirar o tempo da TV, proibi-la de sair no fim de semana, etc.)

Diferenças entre procedimentos

Assim, a diferença essencial entre “positivo ou negativo” de ambos os procedimentos é o aparecimento (positivo) ou o retraimento/desaparecimento (negativo) de algum elemento. Por outro lado, o que caracteriza o procedimento de reforço é que ele busca potencializar comportamentos desejados. Em vez disso, a punição visa eliminar comportamentos indesejados.

“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”
-Nelson Mandela-

Tipos de reforço positivo

São dezesseis tipos de reforço positivo, agrupados de acordo com seis critérios, de acordo com o Manual de Terapia Comportamental de Vallejo (2012). Você quer conhecê-los?

1. De acordo com a sua origem

O reforço positivo, dependendo da sua origem (valor de reforço), pode ser classificado como:

  • Primários: têm um valor inato, como a comida.
  • Secundários: convertem-se em reforçadores mediante o aprendizado e são mais específicos.
  • Generalizados: são reforçadores de respostas múltiplas (por exemplo, dinheiro).

2. De acordo com o processo de reforço

De acordo com este critério, o reforço positivo pode ser de dois tipos:

  • Extrínseco: o procedimento é aberto e observável (por exemplo: elogio).
  • Intrínseco: o procedimento é oculto (por exemplo, um pensamento).

3. De acordo com o administrador

Dependendo de quem administra o reforço positivo, ele pode ser de dois tipos:

  • Externo: alguém administra o reforço à pessoa.
  • Autorreforço: é a própria pessoa que administra seu reforço.

4. De acordo com o receptor

Dependendo da pessoa que recebe o reforço, os seguintes são diferenciados:

  • Direto: a própria pessoa recebe o reforço.
  • Vicário: a pessoa observa como outra pessoa recebe o reforço.

5. De acordo com a natureza

Dependendo da sua natureza, o reforço positivo pode ser das seguintes maneiras:

  • Material ou tangível: possui uma entidade física (por exemplo, uma bicicleta).
  • Comestíveis ou manipuláveis: são comidos ou manipulados (por exemplo, jujubas).
  • Social: de natureza interpessoal, inclui linguagem verbal e não verbal (por exemplo, um abraço).
  • Atividade: comportamentos agradáveis ​​para a pessoa (por exemplo, ir ao cinema).
  • Princípio de Premack: quando um comportamento de baixa frequência aumenta a sua probabilidade de ocorrência quando associado a outro de alta frequência.
Menina com pirulito

6. De acordo com a programação

Finalmente, de acordo com a programação, encontramos os seguintes tipos de reforços:

  • Naturais: têm grande probabilidade de aparecer no meio ambiente.
  • Artificiais: aplicados em condições específicas.

Educar através do reforço positivo

É evidente que o uso dessa técnica oferece resultados muito positivos na educação. Além disso, faz parte de programas comportamentais e de tratamentos mais amplos, como a terapia ABA (Applied Behavior Analysis), idealizada pelo psicólogo clínico Ole Ivar Lovaas e especialmente indicada para crianças com autismo.

Como dissemos, o reforço positivo também faz parte de técnicas ou programas comportamentais mais amplos, como reforço diferencial de comportamentos incompatíveis, reforço diferencial de comportamentos alternativos, etc. Em todas elas, o reforço positivo é utilizado como mais uma ferramenta que permite reforçar e potencializar os comportamentos que desejamos manter (ou seja, os adequados ou apropriados).

Além disso, o reforço positivo é muito apropriado não apenas para manter os comportamentos desejados, mas também para criar (estabelecer) comportamentos que ainda não existem.

Como aspectos positivos deste recurso, encontramos o fato de fazer a criança feliz com diferentes objetos e ações, caminhar com ela em uma educação respeitosa e motivá-la com diversos reforços que também orientam o seu desenvolvimento, já que o reforço pode ser, por sua vez, uma ferramenta educacional que proporciona a aprendizagem.

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