segunda-feira, 9 de novembro de 2020

O que é a inteligência adaptativa?

O efeito Flynn reflete o fato de que o QI médio parece estar aumentando na população ano após ano. De 1938 a 2008, os estudos mais otimistas falam de um aumento de 30 pontos. No entanto, na última década, esse índice não só estagnou, mas também está caindo. Além do mais, algo que os especialistas nos dizem é que estamos perdendo o que é definido como “inteligência adaptativa”.

Saber que os nossos recursos intelectuais diminuíram nos últimos tempos é inquietante e nos faz pensar. Talvez, o fato de dependermos demais das novas tecnologias esteja enferrujando habilidades, como a resolução de problemas, pensamento criativo, memorização e até mesmo a capacidade de dirigir por uma cidade sem o auxílio de um GPS…

No entanto, figuras como Robert J. Sternberg, professor da Universidade de Yale e uma das maiores referências na compreensão e estudo da inteligência (devemos a ele, por exemplo, a teoria triárquica), vão um pouco mais longe. Estamos perdendo uma competência chave no momento atual: a capacidade de reagir e se adaptar às mudanças desenvolvendo novas estratégias.

Jovem diante do mar

Inteligência adaptativa: o que é e como desenvolvê-la?

Ao longo das décadas, a concepção do que é inteligência e de como ela se expressa nas pessoas não só mudou, mas também foram adicionadas novas abordagens. Nesse sentido, a abordagem mais difundida para descrever a inteligência é a do quociente de inteligência.

Mais tarde, surgiu a polêmica e criticada visão das inteligências múltiplas, e temos até aquela outra perspectiva que nos lembra que a inteligência emocional ou a compreensão das emoções também é decisiva. Então, o que nos resta? Muitos diriam que todas essas perspectivas podem ser válidas.

A inteligência se expressa de muitas maneiras: criatividade, capacidade de resolução, flexibilidade, capacidade de compreender o outro e reagir de acordo…

Em outras palavras, os problemas do aqui e agora exigem um tipo de ação para o qual não fomos educados. Talvez dominar as frações, as equações, saber quais rios passam pela Europa ou o nome do rei que conquistou a França em 1415 não nos permita, por exemplo, resolver o problema das mudanças climáticas.

Sternberg aponta que não podemos mais medir a inteligência com os testes usuais ou reduzi-la ao clássico QI. Temos gerações que são incrivelmente bem educadas em conhecimentos e habilidades pouco válidas ​​para as necessidades mais urgentes. Essa é a realidade. A única perspectiva útil agora é aquela que está integrada a um conceito que não é realmente novo: a inteligência adaptativa.

O que é a inteligência adaptativa?

Albert Einstein disse isso em sua época, e Stephen Hawking concordou: a única noção válida de inteligência é aquela em que a capacidade de adaptação ao ambiente está presente. Ou seja, a pessoa inteligente é aquela capaz de se adaptar às mudanças do ambiente (por mais difíceis que sejam) de forma inovadora. É ter consciência dos desafios que nos rodeiam para os compreender e responder com sucesso e originalidade.

A inteligência adaptativa integra, portanto, todos os processos, conhecimentos, competências e aptidões destinados não só a enfrentar as mudanças, mas também a aproveitá-las para avançar com sucesso. Um grande desafio, é verdade.

Lâmpadas

Como podemos desenvolver a inteligência adaptativa?

Para lançar as bases da inteligência adaptativa, devemos “passar uma borracha e começar do zero” em muitos aspectos. Algo assim envolve toda uma reformulação de muitas coisas que consideramos certas. Implica também ativar uma abertura mental, capaz de trabalhar a autocrítica e estar atenta às necessidades, desafios e dinâmicas do nosso contexto atual.

Vamos conhecer quais chaves devemos considerar para ativar este tipo de inteligência.

Deixe de usar o passado como ponto de referência

Todos nós temos uma história de vida. No entanto, independentemente de quem você seja, dos seus estudos e experiências, você deve entender que o passado, o que aconteceu ontem, não pode mais ser usado como um ponto de referência. O que acontece agora é completamente diferente. Muitas das coisas em que confiávamos antes já não funcionam e não são mais válidas.

É hora de construir o futuro e, para isso, é preciso inovar, arriscar, criar novas habilidades.

Chega de expectativas, aceite a incerteza

O pensamento linear e as expectativas não funcionam mais. O “vou fazer isso porque sei o que vai acontecer e poderei resolver aquilo” não funciona mais para nós. Não podemos tomar as coisas como certas porque o fator de incerteza tem mais peso do que nunca.

Chegou a hora de deixar de lado os esquemas antigos e entender que as coisas mudaram e que devemos nos adaptar a elas. A adaptação não é resignação, é entender o que temos pela frente para conseguir transformá-lo.

Emoção, inteligência e intuição

Robert J. Sternberg nos convida a refletir sobre um fato importante. A inteligência adaptativa terá que coexistir com a inteligência artificial. A tecnologia vai ocupar um lugar decisivo em nossas vidas, e para isso também é necessário ter uma vantagem sobre ela.

É preciso se adaptar a esse novo futuro em que a informação fluirá de forma constante, e muitos processos serão automatizados graças a máquinas capazes de tomar decisões. Agora, as pessoas sempre terão uma vantagem sobre elas: as emoções, a intuição e o julgamento humano sempre terão a maior relevância.

Esta é a nossa melhor arma: saber aliar a nossa inteligência com estas esferas nos colocará sempre e em qualquer momento numa posição privilegiada. Portanto, é hora de considerar todos esses aspectos. É o momento de colocar o foco das atenções na capacidade de adaptação para nos transformarmos.

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