segunda-feira, 5 de outubro de 2020

A autoexigência e a necessidade de controle

Vivemos em uma sociedade repleta de exigências profissionais, sociais e familiares. Por isso, é difícil não entrar na onda com as nossas próprias exigências pessoais. A seguir, falaremos mais sobre a autoexigência e a necessidade de controle.

Às vezes, é quase impossível fazer uma pausa quando a sociedade anda tão rápido. Temos listas intermináveis ​​de tarefas pendentes, várias agendas que nos “ajudam” a organizar e otimizar o tempo, compromissos que devemos cumprir e tarefas em casa ou com a família nas quais temos que estar presentes.

“Serei uma boa mãe?”, “Se eu ficar até tarde, o meu trabalho será mais valorizado”, “Não posso cometer erros”, “Os meus amigos gostam de mim?” são algumas das muitas perguntas mais comuns.

Autoexigência e controle

A autoexigência excessiva

Essa necessidade imposta de atingir uma meta pode nos levar à crença equivocada de que a perfeição pode e deve ser alcançada em todas ou na maioria das áreas de nossas vidas.

Estabelecer metas dá sentido à vida; o problema surge quando traçamos metas incansáveis, seja porque foram criadas a partir de ideais ou porque os objetivos que estabelecemos não são realistas: “Nunca vou me atrasar para o trabalho”.

Eu devo vs. Eu quero: um debate comum

  • Vamos começar repensando se as metas que estabelecemos para nós mesmos dependem única e exclusivamente de nós; ou seja, se são acessíveis em função das nossas qualidades e recursos pessoais e também das nossas circunstâncias, ambiente e relacionamentos.
  • Assim, vamos pensar se realmente queremos trilhar o caminho em direção a esse fim ou se o sentimos como uma obrigação imposta pela sociedade, pelo ambiente ou pelas nossas próprias crenças sobre esse ideal de excelência.

É bom nos encorajarmos a realizar a seguinte tarefa reflexiva: separar em duas colunas as coisas que fizermos no decorrer do dia, tendo como critério se as consideramos uma obrigação ou se fizeram parte das nossas escolhas. Na primeira, escreveremos “Devo ou tenho que” e na segunda “Eu quero ou gostaria que”. Vejamos um exemplo muito simples:

“Tenho que ficar em casa neste fim de semana porque tenho que limpar, lavar e passar roupas. No entanto, quero ir à praia porque gostaria de me desligar de toda a semana de trabalho e deitar para descansar ”.

A necessidade de distinguir entre obrigação e escolha

Ao nos depararmos com essa situação, a mente começa a fazer um equilíbrio entre prós e contras para cada uma das opções: “fazer as tarefas de casa” ou “descansar na praia”. É aí que surge a necessidade de controle, de estruturar nossa vida a partir do desejável, do que se espera de nós ou do ideal que articulamos em nossas cabeças.

Chegamos até a boicotar a nossa vontade de ir à praia com a desculpa de que, se formos, na segunda-feira teremos muito mais tarefas acumuladas, as da casa e o trabalho do dia a dia, escola, compromissos, etc. É essa antecipação ansiosa e negativa que causa a angústia de estarmos presos, a obsessão em aproveitar o tempo e o medo de não sermos produtivos.

Talvez o simples fato de pensar assim encoraje a obrigação de ficar em casa. Nos sentimos atados com o passar dos dias e nos confortamos com a ideia de que “outro fim de semana virá“.

Escolher e descartar

Mulher pensativa

Entender que a vida está em constante mudança e que não podemos, mesmo que queiramos, ter tudo sob controle nos ajudará a tomar decisões com base em nossas preocupações, necessidades, prazeres ou desejos pessoais de saúde e bem-estar.

Optar por assumir o controle de nossas vidas sem exigências próprias irá nos libertar do estresse, pressão, frustração ou impotência geradas pelas obrigações autoimpostas de um ideal de excelência ou perfeição.

Ao nos libertarmos desse fardo, nos damos permissão para fazer o seguinte:

  • Sermos nós mesmos, sem juízes internos que criticam o quão bem ou mal fazemos as coisas.
  • Amar-nos como somos, assumindo os erros que podemos cometer e valorizando as nossas qualidades pessoais.
  • Sermos assertivos, dizendo “não” de vez em quando, sem nos sentirmos culpados.
  • Dedicar tempo a nós mesmos, cuidando da nossa saúde física e mental.
  • Reconhecer nossas conquistas, valorizando o esforço empregado para alcançá-las.
  • Sermos nossa prioridade, ouvindo as necessidades que temos sem nos considerarmos egoístas por isso.

Diante da autoexigência, é melhor escolher a adaptabilidade

Nós nos esforçamos todos os dias para alcançar o impossível“, disse Tal Ben-Shahar, um professor da Universidade de Harvard, em seu livro O Jeito Harvard de Ser Feliz. Cerca de 86% das pessoas ao nosso redor são perfeccionistas, e o principal motivo da sua infelicidade é a busca constante pela perfeição.

Aprender a “tirar o pé do acelerador” ou “soltar o freio de mão” não é uma tarefa fácil, mas é muito gratificante. No processo, podemos:

  • Adentrar o caminho do autoconhecimento, entendendo a forma como funcionamos.
  • Trabalhar na gestão emocional, retirando de nossas vidas o que nos causa mal-estar.
  • Escolher livremente, equilibrando a balança entre os “eu devo” e os “eu quero”.
  • Mudar o foco de nossas vidas buscando uma felicidade com base em nossa saúde e bem-estar.

Vale a pena tentar. Não perderemos nada com isso.

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