terça-feira, 29 de setembro de 2020

Reenquadramento positivo: como olhar para as coisas a partir de outra perspectiva

Às vezes, ser capaz de ver as coisas a partir de outro ponto de vista melhora a nossa capacidade de lidar com as dificuldades. O reenquadramento positivo é um exemplo disso e de como, ao repensar certos aspectos ou dimensões, a confusão, o desconforto e as tensões que temos com as pessoas ao nosso redor se reduzem. É um recurso muito útil que todos nós podemos usar.

Há uma coisa que devemos admitir: aplicar esse tipo de arte mental é difícil para nós. As pessoas tendem a ser teimosas em suas interpretações, obstinadas nas avaliações que fazem sobre certas situações, circunstâncias e relacionamentos. Não hesitamos em rotular como tóxico aquele colega que está sempre de mau humor ou como controlador quem está obcecado pela organização.

Talvez aquela pessoa tóxica esteja passando por um momento ruim e esteja sofrendo em silêncio. Qualquer pessoa obcecada pela organização pode ter uma daquelas mentes brilhantes com as quais valeria a pena aprender alguma coisa. Vamos admitir: nossa realidade tem muitas faces, e não é bom ficar apenas com a mais negativa.

Ser capaz de relativizar e de abrir os olhos para outras perspectivas mais amáveis ​​pode melhorar significativamente a nossa qualidade de vida.

Ressignificação positiva

O que é o reenquadramento positivo?

O reenquadramento positivo é uma técnica amplamente utilizada na terapia. Ela pretende que a pessoa consiga ver as coisas de forma diferente e mudar os significados que lhes atribui. A ideia essencial é fazê-lo compreender que o ponto de vista que você aplica sobre certas realidades que lhe causam sofrimento funciona como um filtro capaz de borrar tudo, alterando emoções, pensamentos e comportamentos.

Vamos dar um exemplo. Sou uma pessoa com um nariz chamativo ou extremamente magra ou baixa. Além de trabalhar minha autoestima e autoaceitação, também devo ser capaz de aplicar um enquadramento positivo em cada situação. Em vez de pensar que todos vão me olhar se eu for para uma festa, devo relativizar essa ideia e focá-la em outros aspectos: na diversão, em assumir que todos temos as nossas particularidades e que é isso que nos torna únicos.

Devo evitar ir a eventos sociais por causa disso? Obviamente não. Porque os esquemas mentais que aplicamos a certas áreas de nossas vidas não apenas nos limitam, mas agem como bloqueadores da felicidade. E se há algo que devemos considerar é que uma grande parte de nós faz uso desses processos mentais. Pensar que existe apenas uma perspectiva e uma forma única de ver as coisas é muito humano.

Passar do “quadro-problema” para o “quadro-objetivo”

O reenquadramento positivo segue um processo muito específico no qual passamos da negatividade para uma atitude mais aberta, construtiva e esperançosa. Para entender melhor, vamos nos colocar no lugar de outra pessoa, alguém que acaba de receber um diagnóstico de esclerose múltipla.

Essa pessoa em particular diz a si mesma que sua vida acabou, que ela nunca mais vai trabalhar e que seu futuro será terrível.

  • O quadro-problema é o seguinte: ela assume que essa doença crônica é degenerativa e que tudo está perdido, que não há outra opção a não ser assumir o fim.
  • Nesse caso, dentro do processo terapêutico, o uso do reenquadramento positivo é essencial. Para isso, aplicaremos o quadro-objetivo que consiste em fazer a pessoa enxergar outras opções. É passar do problema concreto para um objetivo que atua como uma esperança, como uma saída para romper esse padrão negativo.
  • Nesse caso, o foco estará em compreender a doença, entendê-la e saber que existem opções para detê-la e poder manter uma qualidade de vida adequada.
Repensar a vida

O reenquadramento positivo não cai no otimismo excessivo, mas repensa as experiências para fornecer soluções

O enquadramento positivo faz parte da psicologia positiva iniciada por Martin Seligman nos anos 90. É importante entender que essa técnica não se destina a fazer alguém ser capaz de sempre ver o lado bom da vida. É possibilitar que, dentro do contexto e da realidade de cada paciente, seja possível considerar quais opções existem para administrar a situação e melhorar sua vida.

Algo assim implica entender que, às vezes, não podemos mudar o que acontece conosco. Se perdi meu emprego, ele está perdido. Se fui diagnosticado com uma doença, a evidência é essa e nenhuma outra. No entanto, o reenquadramento positivo me permite ver quais abordagens posso considerar para lidar e enfrentar esses eventos.

Ela serve para enfraquecer o viés negativo e derrotista que tem me prendido, para alimentar meu olhar com outras possibilidades, a partir de outras perspectivas, para melhorar minha motivação e a possibilidade de lidar melhor com essas circunstâncias complexas. Graças a este recurso, encontro calma emocional, clareza mental, e posso redefinir os significados que dou a certas coisas.

Para concluir, esta técnica para reestruturar cognições (pensamentos) é uma ferramenta de vida da qual deveríamos fazer uso. É uma forma de avançar um pouco melhor nos dias difíceis que podemos ter pela frente. Se não formos capazes de fazer isso sozinhos, é importante buscar ajuda profissional.

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