segunda-feira, 21 de setembro de 2020

A hostilidade em um relacionamento: o prelúdio do fim

A hostilidade é uma atitude de desprezo para com uma ou mais pessoas com a intenção consciente de fazer mal. Essa intenção pode ser percebida de diferentes maneiras. Pode existir de maneira encoberta, em forma de fofoca e difamação, ou mais explicitamente, com ataques verbais ou físicos.

A hostilidade é uma experiência emocional desagradável. Isso porque não nasce de uma situação de oposição, guerra ou competição. É um sentimento que se dirige a quem era nosso companheiro amoroso, amigo ou irmão, no que se supunha ser “um campo de paz”.

Casal discutindo em restaurante

A hostilidade: é assim que se sente

A melhor maneira de entender a hostilidade é sentindo-a. Raramente se esquece uma situação dessas. Sentir que somos objeto de ataques contra os quais dificilmente podemos nos defender porque somos atingidos de maneira indireta e pouco franca gera um grande desconforto. Principalmente se essas feridas forem causadas ​​por alguém importante para nós.

A hostilidade é sentida como:

  • Um ataque ou ofensa incessante e velada contra nossa atitude ou opinião.
  • O uso das nossas palavras como arma contra nós mesmos por outra pessoa. Sentimos que eles querem armar uma armadilha para “revelarmos” algo que nunca pretendíamos dizer.
  • A crítica em relação a aspectos da nossa vida que pouco ou nada têm a ver com a situação compartilhada está sempre presente. Por exemplo, alguém relembra detalhes ou experiências surpreendentes e não consensuais com outras pessoas na sua presença.
  • Uma pressão direta ou indireta para fazer você mudar de ideia, para além de qualquer diálogo ou debate.
  • Uma certa avaliação das suas necessidades ou do seu estado de humor. É como se você fosse objeto de uma “psicanálise”, sendo que não pediu isso.
  • Comparação da vida da pessoa com a sua para que você veja que seus problemas “não são tão ruins”, assim como as suas conquistas.
  • A pessoa mostra como se sente bem com algumas pessoas, refletindo de forma velada todos os atributos que parecem não existir em você.
  • Reclamar que você não a ouve ou que é “inacessível”.

Esses são alguns exemplos de como a hostilidade pode ser notada. Existem muitas formas de comportamento hostil. Obviamente, todo comportamento hostil tem intensidades e formas diferentes de se apresentar.

O que leva uma pessoa a ser hostil com outra?

Em muitos casos, o elemento que sustenta a hostilidade é a falta de habilidades sociais. Há raiva ou ressentimento, mas a pessoa não é capaz de iniciar ou manter um diálogo aberto e honesto sobre o que aconteceu. Assim, ela manifesta a energia da raiva ou da irritação com hostilidade.

No entanto, essa atitude não é honesta. Longe de construir, destrói. Longe de erguer pontes, as enfraquece. Em muitos casos, é razoável não querer prolongar uma relação, mas não é razoável machucar tanto até a separação acontecer.

Casal discutindo

A hostilidade: uma forma de comunicação prejudicial e ineficaz

Normalmente, temos dificuldade de sentir empatia por uma pessoa que se comporta de maneira hostil. No entanto, às vezes, não se trata de sentir empatia, e sim de estimular a reflexão e recomendar ajuda psicológica. A intervenção de um terceiro pode canalizar a raiva ou a irritação de outras formas que não sejam a hostilidade e o ressentimento.

Vamos ver quais podem ser algumas das causas da hostilidade manifesta ou encoberta:

  • Muitas pessoas que apresentam um comportamento hostil herdaram feridas psicológicas significativas de abandono e abuso na primeira infância. Elas não querem ter consciência disso, da dor que isso lhes causa, ou não sabem o que fazer a respeito.
  • As feridas psicológicas podem ter origem na impulsividade, na raiva, no sarcasmo. Em muitos casos, pessoas que mantêm uma atitude hostil ignoram as consequências a longo prazo de seu desrespeito.
  • Pessoas que exibem um comportamento hostil não conhecem habilidades de comunicação eficazes. Elas estiveram envolvidas em repetidas dinâmicas de conflito onde a solução era “vencer” ou, quando perdiam, se sentiam profundamente humilhadas.
  • Confundem franqueza com ofensa. Além disso, elas não sabem bem quando e como certos comentários devem ser expressos, ou quando seu comportamento está gerando uma situação tensa.
  • Muitas vezes, elas não têm consciência de que não estão satisfazendo suas necessidades sociais, o que vai deteriorando ainda mais a sua autoestima.
  • Não esperam que a pessoa alvo da hostilidade as confronte. Quando isso acontece, não costuma haver autocrítica nem reflexão, e sim um aumento da própria hostilidade.
  • Todos esses fatores se combinam para promover a antipatia mútua, o desrespeito e a desconfiança, o que inibe a solução efetiva de problemas, o perdão e a cooperação genuína.

Portanto, se você é uma pessoa alvo desse tipo de raiva encoberta e não resolvida, o ideal é parar por um segundo e escolher um caminho que não seja impregnado de hostilidade. Nesse sentido, a ajuda profissional é sempre valiosa.

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